quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Ser feliz sem rótulo
Há dias em que nada nos satisfaz.
Um tédio tremendo nos abate, nos toma, faz-nos um verdadeiro escravo dele.
Há dias em que nos sentimos obrigados a não sermos obrigados a fazer nada.
No sentido literal da coisa ficar apenas de papo pro ar. Dormir o dia inteiro, esquecer que existe telefone, relógio, televisão, livros pra ler, obrigações… Tudo que se quer é desligar a conexão, a antena que te liga ao mundo e afastar-se de tudo que é obrigatório.
Obrigação. Há um certo tempo venho me incomodando com a imagem que as pessoas criam de nós acadêmicos. Não sei de onde se tirou a idéia de que acadêmicos são intolerantes máximos de todas as coisas e que se trancafiam em seus mundos, suas clausuras, verdadeiras redomas de vidro. Quem disse que muitos de nós não pode comer junk food, ler best-sellers, ver séries bobinhas, assistir besteirol, ouvir música brega de doer, ver aqueles programas para os quais muitos torcem o nariz, estar em forma? E quem disse que não somos vulneráveis, humanamente suscetíveis a tudo? Que não falamos palavrão, que só gostamos de Shakespeare?
Há que se desmistificar muita coisa. O que quero esclarecer é que nem tudo realmente desce na peneira das nossas escolhas. E eu incluiria nesse rol uma série infinda de coisas, desde livros até pessoas, mas não significa que somos um bicho-papão e acabamos destruindo acidamente tudo que passa à nossa frente e não nos interessa.
Nesse cenário de escolhas entra em cena uma doce palavrinha já citada em outros posts: intolerância. Ser obrigado a ser tolerante? Quem disse isso? Por que preciso ler Dostoiévski, Cervantes ou Chekov apenas para exibir status na academia? Para que exibir títulos fúteis que muitas vezes não me preenchem a alma? E porque ter que montar mil projetos simplesmente para ter que provar aos outros que sou capaz? Há horas em que não me obrigo a gostar de mim mesmo, imagine me obrigar a satisfazer e amar o mundo. Preciso ver a lista interminável de filmes que meus amigos viram? Ler todos os títulos indicados naquele curso de pós-graduaçao, mestrado? Ou ter uma biblioteca infinda de títulos internacionais para “apenas exibir” que sou um ser pretensamente cosmopolita? Ainda: preciso ser sempre engomadinha, educada, zelosa, exemplar? Não posso nunca falar alto por que sou acadêmica… E aí um olhar venenoso te fuzila de longe ao te ver no shopping comendo batata-frita com cerveja e acaba de morrer diante daquele olhar a terna professora que discutia Dickens, Shakespeare e Clarice Lispector.
Pronto: perdi a identidade supostamente intocável e virei uma qualquer. Talvez o mundo precise ficar cego para certas questões.
Literalmente desci do salto.
beijosssss
*****************mariamaura************
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