terça-feira, 7 de setembro de 2010

A independência do Brasil e o Território Nacional


A independência do Brasil e o Território Nacional

História das representações e das relações de poder
Introdução

Conteúdo
Nações, povos, lutas, guerras e revoluções

O estudo do processo de Independência do Brasil, que tem um importante ponto de inflexão em 1822, é uma boa oportunidade para aguçar o olhar do estudante para uma importante questão: o tamanho do Brasil. Se observarmos o mapa da América Latina atual, veremos que o território brasileiro é consideravelmente maior do que os territórios nacionais dos países de língua castelhana, por exemplo. Por que será que, historicamente, os antigos territórios coloniais ibéricos na América se desenvolveram assim, de maneira tão distinta?

No caso do Brasil, a ruptura com a metrópole se deu de forma pacífica, distante dos centros de poder e de participação popular. Além disso, a sociedade brasileira manteve sua estrutura política, econômica e social praticamente intacta. Por fim, a unidade do território não se alterou em relação ao período colonial. Tais características tiveram uma forte razão: o processo de independência foi empreendido por quem já estava no poder. Mas esta não era a única possibilidade naquele momento histórico...

Os acontecimentos europeus contribuíram para a vinda da família real portuguesa ao Brasil em 1808. A luta pela independência, porém, já podia ser observada em várias regiões do Brasil. Em 1789 (mesmo ano do início da Revolução Francesa), houve a Inconfidência Mineira, que exigia a independência da região das minas, incorporando saídas ao mar. Outros exemplos são a Conjuração Baiana, de 1798 (reivindicando a independência da Bahia) e a Revolução Pernambucana de 1817, exigindo o mesmo para o Nordeste da América Portuguesa. E mesmo depois de 1822, a Independência não foi aceita de imediato em todas as partes do novo país que se estava criando.

No norte do Brasil, uma série de revoltas marcou este intento de permanecer fiel à administração portuguesa. Em 1824, outro forte movimento ocorreu, dessa vez no Nordeste: a Confederação do Equador. Uma das principais diferenças desses movimentos em relação ao que foi empreendido principalmente por D. Pedro era o caráter provincial, regional. Nenhum desses movimentos partia de uma identidade nacional. O príncipe-regente, por sua vez, pôde unificar todo o território já que, para quem estava no poder ainda no período colonial, o Brasil era desde o seu princípio um único país – e – de dimensões continentais.

Objetivos
- Compreender a declaração de independência do Brasil, em 1822, como parte de um processo histórico maior.
- Explicar as intenções políticas de movimentos de contestação da administração colonial e imperial do Brasil
- Compreender que a unidade territorial do Brasil deriva de um processo de independência empreendido "de cima para baixo".
- Analisar mapas históricos e geográficos.
- Compreender a unidade de diferentes acontecimentos associados a uma conjuntura.
- Operar com a noção de transformação conservadora.

Materiais
Livros didáticos de História
Mapas históricos e políticos atuais da América do Sul

Duração
4 ou 5 aulas

Desenvolvimento
O professor pode iniciar a aula apresentando aos alunos dois mapas da América. O primeiro é de um artigo de José Murilo de Carvalho, publicado no site da Revista de História da Biblioteca Nacional.

Nesse artigo, intitulado “E se D. João VI não tivesse vindo?”, o historiador procura fazer um exercício de imaginação: o que poderia ter acontecido caso a família real portuguesa não viesse para o Brasil. O texto trata também de acontecimentos europeus que antecederam a Independência do Brasil e, por isso, pode ser uma excelente fonte de informações tanto para os alunos como para o professor. O mapa é uma boa ferramenta pois retrata a atual configuração política do território americano e faz referência à antiga demarcação colonial portuguesa.

O segundo mapa foi retirado da enciclopédia eletrônica livre, a Wikipédia, no verbete “Brasil – Período Colonial” e retrata a divisão dos territórios coloniais sul-americanos em 1700. Caso você possua a ferramenta da internet na sala de aula, este mapa também possui versão animada, em que é possível observar as mudanças de fronteiras de 1700 a 2000 e consegue atingir perfeitamente o objetivo de demonstrar a diferença “geográfica” desses processos de independência: enquanto o território brasileiro se mantém praticamente intacto, o território da antiga colônia espanhola se divide à medida que avançamos para o presente.

1ª atividade
Apresente inicialmente aos alunos o mapa do artigo de José Murilo de Carvalho. Você pode perguntar à classe: “o que esse mapa nos mostra? A que região do mundo ele se refere?”. Aguarde dos alunos as manifestações de que “esse mapa está errado”, “cadê o Brasil?!”. Diante desses estranhamentos, você pode explicar aos alunos que o mapa é fruto de um exercício de imaginação de um importante historiador brasileiro... Afinal, o que justifica esse mapa é justamente o exercício de imaginação do que poderia ter ocorrido caso a família real portuguesa não tivesse vindo ao Brasil em 1808. José Murilo de Carvalho nos chama a atenção para o fato de que os vários movimentos de independência regional que existiam na América Portuguesa não teriam sido sufocados, o que teria dado origem a cinco países no lugar do Brasil. Você pode, inclusive, fazer uma leitura compartilhada deste texto com os alunos, ressaltando seu caráter imaginativo.

Apresente então o outro mapa animado (caso disponha em sua escola dessa ferramenta) ou então um mapa político atual da América do Sul (e Central).

A partir dos mapas, você pode propor aos alunos que os observem identificando todas as diferenças que eles podem ver entre os países das antigas colônias portuguesa e espanhola. Lance aos alunos algumas perguntas de identificação de informações (relativas ao mapa real e atual das Américas do Sul e Central): em quantos países cada colônia se transformou? Desses países, qual é o maior? E qual é o menor? Em que antiga colônia eles se situam?

A partir daqui é possível começar a questionar os alunos: “de onde José Murilo de Carvalho tirou a idéia de que o Brasil estaria dividido em vários países caso a família real portuguesa não tivesse vindo para cá?”

2ª atividade
Essa pergunta suscitará a segunda atividade desta seqüência. Agora os alunos farão uma pesquisa contextualizada para saber um pouco mais sobre os movimentos que poderiam, na História do Brasil, ter dado origem a repúblicas independentes.

Você pode dividir os alunos em 4 grupos, entregar a eles alguns livros didáticos e pedir que cada grupo pesquise sobre um movimento que reivindicava a independência em relação a Portugal durante o período colonial: a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Confederação do Equador (esta já no período imperial do Brasil independente), por exemplo. O quarto grupo poderia pesquisar sobre movimentos de resistência à Independência. Cada grupo deve ter uma pauta de pesquisa:
- O que este movimento reivindicava?
- Os revoltosos queriam a independência do Brasil inteiro? Por quê?
- Os revoltosos queriam instituir que tipo de regime político?
- Se este movimento tivesse conseguido vencer as forças da administração central, o que teria acontecido, provavelmente? Por quê?

O objetivo é que cada grupo possa identificar que independência cada movimento queria ou chegou até mesmo a conquistar por um breve período. Isso os levará a identificar que esses movimentos queriam a independência de cada uma dessas regiões.

3ª atividade
Os grupos teriam de apresentar os resultados de suas pesquisas para seus colegas de classe, que podem estar dispostos em um grande círculo. Você pode propor que eles preencham um quadro-síntese desses movimentos, que ajude a turma toda a chegar às conclusões pertinentes à seqüência. Na apresentação dos grupos pode brotar uma discussão interessante: se assim era, o que aconteceu para que o território da América Portuguesa, afinal, não se dividisse?

A seqüência didática terminaria então com a idéia de que a América Portuguesa inteira "virou Brasil" graças a uma independência encabeçada pelo príncipe-regente, ou seja, por quem já governava o território, ao contrário do que acontecera com a América Espanhola. Neste ponto, o professor pode optar em se aprofundar com os alunos sobre a conjuntura e os acontecimentos que envolveram o processo de Independência do Brasil e as independências da América Espanhola.

Quer saber mais?


BIBLIOGRAFIA
CARVALHO, José Murilo de. “E D. João resolve...ficar! Um exercício imaginário sobre os destinos do Brasil caso a Corte não tivesse vindo. Aliás, que Brasil?”. Publicado no site da Revista de História da Biblioteca Nacional, 01/05/2008.

Confira no site da Secretaria de Educação da Cidade do Rio de Janeiro, uma seqüência de textos que vão desde os acontecimentos europeus e a crise de Portugal, passam pela discussão política que ocorria no Brasil, até as guerras de independência, em especial no Norte, Maranhão e Grão-Pará.

Outra importante fonte é o clássico trabalho dos historiadores Fernando Novais e Carlos Guilherme Mota:
MOTA, Carlos Guilherme; NOVAIS, Fernando. Independência Política do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1996, 96p.

*********************marimaura*******************

Um comentário:

Anabela Jardim disse...

Amei o seu blog! Peguei o link no blog do Euler, também sou professora. Parabéns pelo capricho!
Continue assim!

 VOLTANDO PARA DEUS                                    Então pessoal, depois de quase dois anos que por um motivo ou outro deixei meu blog d...