sábado, 5 de dezembro de 2009

Exercer a cidadania



Paz e Cidadania
A Declaração dos Direitos da Criança, proclamada em 20 de novembro de 1959 pela Assembléia Geral das Nações Unidas, constitui uma enumeração dos direitos a que, segundo o consenso da comunidade internacional, faz jus toda e qualquer criança. Aos pais, às organizações voluntárias, às autoridades locais, aos governos e a todos os indivíduos, apela-se no sentido de reconhecer os direitos enunciados visando ao empenho efetivo para sua concretização e observância.
Proclamada em 20 de novembro de 1959 pela Assembléia Geral das Nações Unidas, constitui uma enumeração dos direitos a que, segundo o consenso da comunidade internacional, faz jus toda e qualquer criança. Aos pais, às organizações voluntárias, às autoridades locais, aos governos e a todos os indivíduos, apela-se no sentido de reconhecer os direitos enunciados visando ao empenho efetivo para sua concretização e observância.
A Declaração dos Direitos da Criança Abordando a cidadania para a conquista da paz, Milani (2000) aponta as restrições decorrentes de uma postura reativa, na qual cobram-se direitos e exigem-se soluções de problemas sociais pelo governo, ressaltando a necessidade de se exercer uma cidadania proativa, definida como uma postura individual caracterizada pelo exercício consciente de seus direitos e deveres, pela participação ativa no processo de busca de melhorias coletivas e pela responsabilidade para com tudo o que afeta a sua vida e/ou as vidas de outras pessoas.
A paz passa a ser construída nas ações e interações cotidianas, das mais simples às mais elaboradas, envolvendo as relações consigo, com o outro e com o ambiente, caracterizando um movimento não reduzido ao ‘combate à violência’, mas ampliado à ‘promoção da cultura da paz’.
A Instituição Escolar e a sua Função Construtiva de Paz
Referindo-se à educação, o Princípio 7º da Declaração dos Direitos da Criança (ONU, 1959) aborda:
...Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz de promover a sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de iguais oportunidades, desenvolver as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar- se um membro útil da sociedade.
À escola, enquanto instituição formativa, compete a tarefa da promoção da paz, de sua vivência e difusão através de metodologias específicas, bem como através de ações efetivas que representem as práticas preconizadas no Princípio 7º da Declaração supracitada. O ARTIGOS 4 da Declaração sobre uma Cultura de Paz reafirma a posição educacional, considerando-a como um dos meios fundamentais para a edificação da cultura de paz, particularmente na esfera dos direitos humanos.
O contexto escolar, enquanto espaço de manifestação e vivência da realidade subjetiva do sujeito, a despeito do reconhecimento e da relevância dos demais campos nos quais esse se insere, apresenta-se como locus privilegiado de observação e intervenção frente a esta realidade. Espaço de formação e aprendizagem, a instituição educativa envolve uma ação para além do aspecto cognitivo ou da prática curricular, constituindo um campo de interações sociais, crescimento integral e construção cultural.
A cultura, segundo Cole (1992), atua como mediadora no desenvolvimento humano, contribuindo fundamentalmente na constituição do sujeito. Para este autor, a cultura surge sob a forma de sistemas semióticos e conceituais, práticas e instituições sociais, promovendo determinadas formas de comportamento.
Araújo (2003) aborda o espaço educacional e os vínculos estabelecidos entre a Educação, a escola e os professores, ressaltando a amplitude da ação educativa, que não se limita aos conhecimentos, informais ou científicos, mas envolve inúmeros outros aspectos ligados às construções afetivas, relacionais e criativas.
“Entender que a escola não é nem a fonte essencial das desigualdades sociais, nem reflete passivamente a ideologia dominante (...) é defender que há, na instituição escolar, intencionalidades, finalidades, utilidades que lhe permitem re-interpretar e resignificar a ideologia ao difundi-la ou transmiti-la.” (Araújo, 2003, p.21)


Cidadania e Paz
"Se todas as pessoas resolverem fazer algo produtivo e
necessário para o todo, o planeta se tornará
rapidamente aquilo que sonhamos".

Para responder aos desafios de hoje, o mundo necessita de uma atitude de cidadania envolvida, intensa participação de todos, compromisso, iniciativa, criatividade, inovação.
Cidadania implica compromisso e participação. Cidadania envolve os direitos e responsabilidade de cada um como membro da sociedade.
O importante é agir, e isso depende apenas da iniciativa e dos valores de cada um. O agir gera um movimento positivo e reflete-se no grupo ao redor, criando novas ações.
Como cidadãos envolvidos, somos capazes de enfrentar todo e qualquer desafio, tanto em termos de qualidade quanto em termos de velocidade/tempo.
Com esse sentimento de cidadania que a ONDA trabalha para se tornar referência nacional na ação de mudança do paradigma cultural.
Que sejamos construtores da paz !
Que sejamos éticos, capazes de transformar a sociedade com atitudes de amor !
Que o diálogo seja uma das grandes ferramentas para a promoção da PAZ .

A UNESCO, em seu Programa Aprender para o século XXI, como muitos de nós já sabemos, enfatiza quatro pilares da educação do futuro: aprender a conhecer, aprender a atuar, aprender a viver juntos e aprender a ser. Entretanto, com a ousadia e coragem de propor, elaborei um outro pilar para o conhecimento: aprender a amar. Neste trabalho discuto que precisamos, todos, redimensionar nossas ações e práticas cotidianas, com o expresso desejo de nos colocarmos em postura amorosa com o mundo, conosco mesmo e com os outros.
Um texto, de autoria por mim desconhecida, encaminha este pensar:
“A presença do amor invade meu ser
Dorme em mim,
Desperta em mim, brota em mim,
Morre em mim, nasce em mim.
Meu corpo é seu templo.
O amor faz em mim morada:
Sem o amor minha vida é nada.
Sem amor, eu sou só, ninguém.
Sua luz brilha em meus olhos,
Seu perfuma exala em meus poros,
Suas flores enfeitam minha estrada.
Hoje eu desejo, compreendo e quero,
Que todo o mundo entenda:
Sem o amor, não há saída,
Não há como se ter VIDA.”

A Interconectividade necessária na teia da vida.

“A realidade é mutável, pulsante, abre-se e fecha-se.
(...) abre-se com uma palavra, com um gesto,
com uma decisão, com um ato, e fecha-se com algo que se perde”.

Para o resgate essencial da amorosidade, não podemos deixar de pensar na interconectividade, elemento de importância fundamental para a elaboração de estratégias e permuta de conhecimentos e idéias, de saberes e fazeres voltados ao nosso tema. A amorosidade, enquanto tema fundante para a Formação Pessoal em Psicopedagogia, ganha força, energia e vitalidade com a participação em projetos e com a parceira com pessoas, organismos e instituições. Hoje, mais do que nunca, devemos, todos e todas estarmos atentos ao estarjuntocom.
A participação em grupos de estudos e discussão, a supervisão em processos de acompanhamento de nossas ações profissionais vincula-se aos nossos próprios projetos de crescimento pessoal e as nossas utopias realizáveis, como nos falava o mestre Paulo Freire.
Em minha própria trajetória, percebo claramente a importância do que acima citei. Inúmeras possibilidades me foram dadas pela minha própria inserção em tais grupos. Ferramenta de suma validade é estarmos em rede, fazendo parte de grupos de discussão pela Internet. Afirmo isso porque desde a década de 90 do século passado, participo de alguns importantes grupos onde exercemos o que Assmann e SUNG (2001) chamam de competência solidária, pois mesmo sem estarmos uns com os outros presencialmente, intercambiamos idéias, ideais e fortalecemos o próprio movimento, importantíssimo ao meu entender, pelo reconhecimento da profissão do Psicopedagogo em nosso país, luta essa com a qual devemos, nos nossos modos possíveis, nos envolver.
Na minha práxis, enquanto docente em diferentes cursos de pós-graduação em psicopedagogia no Brasil, procuro alertar minhas alunas e alunos sobre a importância da filiação de cada um, enquanto psicopedagogas e psicopedagogos em formação, a Associação Brasileira de Psicopedagogia, órgão de classe que, com suas seções e núcleos, fomentam a discussão sobre a regulamentação de nossa profissão e, o que considero ainda mais relevante, discute questões relativas à formação em psicopedagogia em sua comissão permanente de cursos. Um outro ponto que procura destacar é a formação de grupos estudos entre estas alunas e alunos, porque acredito que todos crescem a partir desta vivência.
A interconectividade necessária, nesta teia da vida, faz-se assim, em movimentos de agregação onde cada pessoa pode estar em postura de amorosidade no simples fato da permuta, da troca, do intercâmbio, insisto. É na percepção e na presença, mesmo que virtual, do outro, que podemos evoluir.
Zenita Cunha Guenther (1997) nos ensina que tal presença e percepção

“é a noção interna e o conceito que se forma do outro, a partir das percepções diferenciadas na vivência e experiência comum com as outras pessoas que compartilham conosco a aventura de viver e ser parte integrante da humanidade.”

Em nossa cotidianidade, resgatar a reflexão sobre tal afirmativa nos conduz ao pensar que somente a partir da interação e da participação efetiva poderemos alcançar a compreensão de que somos parte de uma mesma teia de VIDA.
Cabe-nos pensar, recorrendo mais uma vez a autora citada anteriormente, apesar de longa a citação, que em

“nosso dia a dia, desde que nascemos até o momento final, temos ao nosso redor, interagindo e participando intimamente em praticamente todas as situações da vida, desde a mais próxima e concreta até às mais distantes, pessoas essencialmente iguais a nós e ao mesmo tempo diferentes, únicas existindo em si próprias, ao mesmo tempo em que existem conosco e juntos formamos configurações globais, maiores e mais complexas do que cada um de nós é, ou poderia ser. Essa é, em essência, a dimensão social da personalidade humana. Isso quer dizer que cada pessoa que existe, ao construir sua maneira própria, individual e única de ser, desenvolve através da vivência comum com outras pessoas uma conceituação do” outro “, englobando e integrando todas as percepções diferenciadas em relação às outras pessoas em uma configuração coerente e que faz sentido para ela. Essa organização de percepções compõe uma parte de sua própria personalidade, também única, individual e congruente com a configuração maior, interna, de cada um, a qual, por sua vez, influencia o comportamento e a maneira própria de ser e interagir com esses mesmos outros.”

Em tal dimensão estamos imersos. O resgate de valores e direitos humanos é essencial à práxis psicopedagógica. Cabe estarmos atentos e atuando no sentido de poder, de certa forma, contribuir para o debate acerca da inserção da Psicopedagogia no que concerne a amorosidade, compreendida como uma potencialidade humana de sermos solidários uns com os outros. É um processo de decisão, que perpassa nossas próprias vidas e que alimenta de horizontes nossa caminhada. É um processo de escolha e “escolher é apropriar-se do desejar a partir de um trabalho de pensamento”.
Com o sentido de contribuir, deixo-lhes um belo trecho de José Saramago, citado por Alícia, que instiga nosso desejo de ir além:

“... A aldraba de bronze tornou a chamar a mulher da limpeza, mas a mulher da limpeza não está, deu a volta e saiu com o balde e a vassoura por outra porta, a das decisões, que é raro ser usada, mas quando o é, é...”

Façamos, então, como a mulher: tomemos a decisão de fazer do amor meta maior de nossas ações.


CULTURA DE PAZ E CIDADANIA

Todos somos especialistas do humano, ou indigentes, e a tarefa de humanizar deve brotar de nossas iniciativas educativas. Neste campo, podemos afirmar com segurança; ninguém educa ninguém. Aqui os seres humanos educam-se em comunhão! Ninguém tem o monopólio dos elementos humanizantes. Todos temos algo que dar e algo que receber. "
Todos nós que aqui estamos, lidamos com outras pessoas, outros seres humanos, em diferentes lugares, com diferentes práticas, em todos os lugares . Em todos os locais se pode trabalhar na perspectiva da cultura da paz e da não violência. Tal cultura nos leva aos processos de trocar receitas rígidas por propostas abertas, nos conduz para um novo modo de ver e perceber os conflitos, cultivando a capacidade de diálogo como elemento facilitador, nos remete ao evitar padronizações e a trabalhar com a tolerância e o respeito ao que é diferente de nós mesmos.
Com muita freqüência se afirma que a paz é resultado da ausência de conflito, mas, a nosso ver, se nos posicionarmos de acordo com esta idéia, acabamos por idealizar a paz e, assim, esquecemos que o conflito é parte integrante da vida dos seres humanos desde os primórdios.
Sabemos, por exemplo, que na nossa trajetória pessoal, não é possível ocorrer crescimento sem diferentes momentos de conflitos, crises e angústias. Numa perspectiva social, o conflito também ocupa lugar de destaque, faz parte da engrenagem dos interesses e das relações sociais. Sabermos manter a tranqüilidade, sobriedade e diálogo faz parte do movimento para a cidadania em busca da paz.


De acordo com CANDAU (2000), em uma sociedade
" (...) pluralista , o reconhecimento da diferença, em suas diversas configurações passa por processos de confronto social, sem os quais é impossível que o reconhecimento e a conquista de direito se dê."
Assim sendo, esta perspectiva nos remete a construção de uma postura ativa diante dos desafios do viver contemporâneo. Ser cidadão no mundo de hoje e, no nosso fazer cotidiano, procurar construir uma cultura da paz exige lutar, de forma não violenta, contra todas as formas de injustiça, de desrespeito aos direitos humanos e, principalmente, contra tudo que impede a dignidade humana.
Por isso, podemos afirmar que o educar para a paz se faz no mundo concreto, no chão da realidade imediata onde todos nós pisamos.
Quando trabalhamos dentro desta perspectiva, valorizamos a construção das diferentes subjetividades e compreendemos que idéias, lugares e experiências distintas das nossas, merecem um outro olhar, uma forma despida de preconceitos e julgamentos.
Na nossa vida cotidiana, a harmonia é imagem opaca e em nossas casas, escolas, locais de trabalhos, infelizmente ainda não superamos o egocentrismo. Todos nós nascemos egocêntricos, mas desde o nosso começo de vida, começamos a compreender, de forma progressiva, que se quisermos sobreviver, necessitamos dos outros. E aprender a conviver com os outros se torna um grande desafio.
A educação para a paz então, ganha espaço no cotidiano de cada um de nós. Não nos cabe aqui ampliarmos em demasia nossas idéias referentes às metodologias adotadas nas práticas educativas preocupadas com o ensinar e o aprender em direitos humanos. No entanto, é mister considerar alguns aspectos.
O primeiro diz respeito aos processos de estabelecimento de uma rede de relações. Isto significado romper com a prática voltada apenas para a realidade imediata do educador, buscando estar somente envolvido com o espaçoescola onde atua . É preciso ir além dos muros escolares, visto que, para "(...) poder compreender o mundo que nos cerca, devemos ser capazes de comparar e relacionar eventos, transcender o presente, reportar-nos ao futuro e ao passado, levantar hipóteses, enfim, acionar toda uma gama de operações mentais e funções cognitivas".
Ficando apenas com sua realidade imediata, nada do que autora citada acima menciona pode se tornar prática efetiva. É necessário criar novos espaços, aproveitar oportunidades de contato com outras pessoas, que vivem e atuam em outros ‘espaçotempos’ distintos, ou seja, é vital saber do outro para saber de si mesmo.
Um outro aspecto relevante está aliado ao desenvolvimento da
"perspectiva multirelacional, ou seja, o conhecimento como rede. A melhor compreensão dos dinamismos mentais ocorrentes durante o processamento das idéias e aprendizados poderá, talvez, explicitar a permanente transformação de seus feixes de relações, de natureza variada e multiplamente articulados".
É preciso continuar na busca de articulação do fazer pedagógico escolar com o meio circundante e a sua possível ampliação de horizontes, inserindo as temáticas mundiais, planetárias no cotidiano do ‘espaçoescola’. O importante no ato de educar/reeducar (a si mesmos e aos outros), no momento histórico presente, é compreendermos que os "novos fatos no mundo nos levam as novas questões, aos porquês de cada fato, de cada mudança, às novas ciências e às especializações" . Ao nosso pensar, tal articulação nos leva a uma outra mundialização, a da solidariedade, da esperança, do conhecimento compartilhado que muitos de nós acreditamos ser possível.
Um terceiro e último aspecto a ser ressaltado aqui é o da necessária mudança interna que deve se processar em cada um de nós. Principalmente na
"(...) na educação, como em qualquer outro setor, o essencial é haver pessoas compreensivas, e afetuosas que não tenham os corações cheios de frases ocas, (...) Se a finalidade da vida é ser feliz, com compreensão, com desvelos, com afeto, é então importante compreendermos a nós mesmos; e, se desejamos edificar uma sociedade verdadeiramente esclarecida, necessitamos de educadores que compreendam o significado da integração (...)" .
Esta compreensão da necessidade de integrar pessoas diferentes requer uma revisão das nossas próprias posturas diante da vida, um maior aprofundamento sobre Ética e Valores Humanos, o que nos impulsiona para a construção de uma outra Educação Moral, onde a reflexão crítica coletiva e individual, apoiada no diálogo, possa nos dar suportes para vivenciarmos em nossas relações interpessoais o respeito ao outro, aos direitos humanos e, assim, cultivarmos uma cultura de paz e da violência. Para isso, acreditamos ser necessário e possível integrar concepções teóricas diferenciadas, ampliando os modelos da chamada Educação Moral. Acreditamos ser possível aliar metodologias comportamentais com orientações construtivistas, por exemplo.
Segundo ARAÚJO (1998), isto gera um ecletismo muito grande, mas é preciso considerar que esse
"(...) ecletismo, que em princípio assusta muitos leitores e pode ser fonte de críticas epistemológicas, torna-se a grande riqueza de um programa de educação moral que assume que a construção de uma personalidade autônoma e dialógica pressupõe exercícios de reflexão sobre conteúdos moralmente relevantes, mas também pressupõe o desenvolvimento de habilidades socialmente desejáveis, baseada em modelos e valores reconhecidos como positivos pelas diferentes culturas. Ou seja, os modelos e valores histórico-culturais da humanidade são também fonte para o desenvolvimento de um sujeito moral que reflete racionalmente a realidade".
Esta reflexão racional não deve, no entanto, esquecer da emoção, da investigação com prazer, da brincadeira, do lúdico e do poético, da troca, da partilha. Educadores, pedagogos, psicopedagogos, profissionais da área de saúde, psicólogos e demais profissionais interessados no educar para a paz devem buscar compreender a educação como um tesouro a ser constantemente redescoberto , como ato solidário, contribuinte para o desenvolvimento da humanidade, com a participação ativa de todos e todas, respeitando os princípios democráticos e servindo de elemento para a criação de novas formas de convivência.



Um estilo de ‘aprenderensinar’ e ‘ensinaraprender’ na perspectiva da Educação em Direitos Humanos como possível suporte psicopedagógico

"Viver é afinar um instrumento de dentro para fora,
de fora para dentro, a toda hora, a todo momento...
tudo é uma questão de manter a mente quieta,
a coluna ereta e o coração tranqüilo."
Walter Franco

Muitos são os estilos de ensinar e aprender que encontramos, através da História, nas diferentes práticas pedagógicas. Mas como, quando e onde se aprende? Em que tempo e espaço se dá tal manifestação da cultura humana? Que avanços podemos detectar, que retrocessos podemos constatar e que desafios enfrentar a partir de tais perguntas e questões?
No mundo contemporâneo, sabemos que a escola desempenha vital importância na formação de crianças, jovens e adultos. Criada na modernidade, a escola se tornou um ‘espaçotempo’ próprio para tal tarefa. Em outros tempos, ela não fazia sentido.
Hoje, ainda é instituição própria para importante função: educar. Ou seja, é o ‘espaçotempo’ escola que possui autorização social para criar e difundir conhecimento, sendo ignorado, em muitas situações, outros lugares onde se dá, de forma cotidiana e latente, a construção de outros conhecimentos, tecidos pelos fios das múltiplas relações que diferentes sujeitos constróem ao ter contato com as mais variadas mídias.
Entendemos, a partir de nossas diferentes vivências educativas, que o ‘espaçoescola’ é mágico e que nele permanentemente, se realiza o milagre de se ampliar horizontes, se abrir ao mundo e continuamente, aprender a aprender.
O ‘espaçoescola’ é um ambiente onde são múltiplas e diferenciadas as linguagens, onde encontraremos riqueza de histórias, movimentos e aprendizados.
No ‘espaçotempo’ escola, que infelizmente ainda não privilegia práticas centradas na participação ativa dos educandos, precisamos superar o rejeitar ao senso comum, a cultura e conhecimento que o aluno traz de suas outras muitas vivências.
Desde meados da década de 80 temos nos preocupado com um fazer pedagógico que procure dar sentindo as vidas dos educandos e dos educadores em suas trajetórias escolares.
Neste percurso, muitas foram as idéias, erros, partilhas, leituras, buscas, prazeres, derrotas, sonhos e conquistas. Fez-se necessário percebermos a necessidade de buscar novas maneiras para expressar ansiedades e novos modos de pensar e fazer o trabalho pedagógico.
Através de um cotidiano onde o educar/pesquisar busca a articulação entre teoria e prática, chegamos à tessitura de uma múltipla rede de conhecimentos variados, onde a intuição, aliada ao conhecer idéias e pesquisas de diferentes autores, ganha significado e sentido. No entanto, foi a ousadia de criar um projeto pedagógico próprio que nos possibilitou ir além e buscar a sistematização de uma prática pedagógica que pudesse dar sentido ao nosso fazer .
Lembrando Antonio Machado, podemos afirmar que " Caminhante não há caminho. O caminho se faz ao caminhar." E nunca tal caminho se constrói definitivamente: ele, o caminho, ao invés de ficar estático e pronto, vai sendo refeito, ampliado, reduzido, transformado, dividido, partilhado. Neste partilhar é que está todo o sentido da trajetória humana. E nossa partilha aqui é mais uma etapa desse processo.

A nosso entender, todas as propostas psicopedagógicas em discussão no campo teórico e prático atual, podem receber forte e profunda influência dos pressupostos da Educação para a Paz, principalmente no que se refere aos suportes metodológicos utilizados na perspectiva do educar em direitos humanos.
De acordo com MOSCA e AGUIRRE (1990) no que concerne ao ensino dos Direitos Humanos
"(...) não há , de um lado, "experts" e de outro , ignorantes.


Ponto de partida da Filosofia das Formas Simbólicas: a “revolução copernicana” de Kant
No segundo volume de sua Filosofia das Formas Simbólicas, Cassirer afirma ter realizado em sua filosofia uma ampliação da inversão kantiana. “A ‘filosofia das formas simbólicas’ adota esta idéia crítica fundamental, este princípio em que se apóia a ‘inversão copernicana’ de Kant, a fim de ampliá-lo” (1925a, p.51). [ii] Cassirer concorda com a “revolução copernicana” de Kant, mas vê nela um limite: restringir a esfera do conhecimento ao físico-matemático.
Se para Kant a ciência era concebida como um conhecimento universal e necessário, a esfera da objetividade por excelência, em Cassirer a ciência passa a ser compreendida como um conhecimento simbólico, uma “construção” simbólica em meio a outras. Nessa perspectiva, perde seu caráter universal e necessário e se coloca no mesmo patamar de outros conhecimentos simbólicos, de outras formas simbólicas. [iii]
Cassirer defende a tese que não só o conhecimento científico é um conhecimento simbólico, mas todo conhecimento e toda relação do homem com o mundo se dá no âmbito das diversas “formas simbólicas”. E o que Cassirer entende como uma “forma simbólica”? Um dos problemas que surge ao estudar Cassirer é buscar uma definição precisa do que ele entende por forma simbólica e quais são estas. No seu trabalho Essência e efeito do conceito de símbolo, resultado das conferências realizadas em 1921, encontra-se sua definição mais explícita:
por "forma simbólica" há de entender-se aqui toda a energia do espírito em cuja virtude um conteúdo espiritual de significado é vinculado a um signo sensível concreto e lhe é atribuído interiormente. Neste sentido, a linguagem, o mundo mítico-religioso e a arte se nos apresentam como outras tantas formas simbólicas particulares. (1956, p.163)
Para Cassirer, energia espiritual (Energie des Geistes) deve ser compreendida como aquilo que o sujeito efetua espontaneamente, ou seja, o sujeito não recebe passivamente as sensações exteriores, mas sim as enlaça com signos sensíveis significativos. Daí que toda relação do homem com a “realidade” não é imediata, mas mediata através das várias construções simbólicas. A produção do simbólico, não somente a linguagem, é espontânea, todavia é também condição imprescindível para captação do sensível. Segundo Cassirer, esses signos ou imagens não devem ser vistos como um obstáculo, mas sim como a condição que possibilita a relação do homem com o mundo, do espiritual com o sensível. Através de signos e imagens pode-se “fixar” determinados pontos do fluxo temporal das experiências. (1956, p.164)
O ser humano não tem um papel passivo de apenas receber as impressões sensíveis se conformando a elas, mas antes são estas que são conformadas pelas faculdades humanas. Através da capacidade de produzir imagens e signos o homem consegue determinar e fixar o particular na sua consciência, em meio à sucessão de fenômenos que se seguem no tempo. Os conteúdos sensíveis não são apenas recebidos pela consciência, mas antes são engendrados e transformados em conteúdos simbólicos. (1956, p.165)
Segundo Cassirer, o material sensível é o ponto de partida comum das distintas formas simbólicas a partir do qual vão transformar a mera expressão sensível num conteúdo significativo dotado de sentido simbólico. Cada forma simbólica configura os conteúdos sensíveis na sua forma particular e específica. Ao se designar um algo exterior por meio de um signo sonoro se diferencia e se fixa um sentido determinado a um objeto específico. O signo sonoro não é apenas uma expressão da diversidade do exterior, mas sim a própria condição de possibilidade da organização interna das representações. Cassirer afirma explicitamente como formas simbólicas o mito, a linguagem, a religião, a arte e a ciência. [iv]


ORAÇÃO PELA PAZ MUNDIAL
“O infinito Amor de Deus
flui para o meu interior
e em mim resplandece
a luz espiritual do amor.
Essa luz se intensifica,
cobre toda a face da Terra
e preenche o coração
de todas as pessoas
com espírito de Amor,


Vou, Cada um tem de mim exatamente o que cativou, e cada um é responsável pelo que cativou não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna. Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão. Perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Eu faço e abuso da felicidade e não desisto dos meus sonhos. O mundo está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver.




Beijossssssss




******************marimaura*******************

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