HISTÓRIA DA FÁBULA
A FÁBULA é a narração de uma pequena cena, cujos figurantes são geralmente, animais, sendo pouco numerosos aquelas em que as personagens são vegetais ou seres humanos. Tem ela por fim mostrar uma verdade de experiência ou um preceito moral. Parece ter nascido na Índia, onde talvez por causa da crença na metempsicose, havia mais interesse pelo estudo e observação dos costumes característicos dos animais. Ao que diz a lenda, foi o brâmane Pilpai quem lhe deu forma escrita, em sânscrito. Passou depois para Grécia, onde, com Esopo, atingiu alto grau de perfeição. Cultivaram-na, também, os Romanos, entre os quais se distinguiu Fedro, que se limitou a introduzir em Roma as fábulas gregas, imitindo-lhes, todavia, o fogo de seu gênio. Na Idade Média, surgiu ela no Ocidente, sob a forma duma coleção de história natural moralizadora, intitulada Bestiários. Mais tarde, no século XVII, La Fontaine adotou na França, dando-lhe a estrutura de um drama em miniatura, que tem por cenário a paisagem das diversas províncias francesas, observadas segundo o curso das estações ou das diferentes horas do dia. - Com estes três autores, atingiu o ápice da perfeição. Outros há, porém, que, em épocas diversas, brilharam neste gênero: Babrius, que pôs em versos as fábulas de Esopo; Florian, Aujbert, Lamotte e Lachambeaudie, na França; Guy e Dreyen, na Inglaterra; Gellert, Lessing e Borner e Hans Sachs, na Alemanha; Juan Ruiz, Juan Manuel, Iriarte e Samaniego, na Espanha. Em português, não temos fabulistas; nossos poetas não fizeram mais que uma grosseira e fria cópia de La Fontaine ou de Fedro. Em compensação, o povo anônimo das Américas é senhor de vastíssimo folclore animalista, a que falta, apenas, uma bela forma artística. É todo um repertório de peças interessantes, à procura de autor...
CARACTÉRÍSTICAS DA FÁBULA. - Deve a fábula ser curta, fácil e expressiva. Quando suas personagens são animais, convém conservar-lhes as qualidades predominantes (por exemplo: a timidez no carneiro, a voracidade no lobo, etc.), sem lhes falsear nem forçar a natureza, de modo que a conclusão seja a conseqüência lógica das circunstâncias e dos caracteres postos em jogo.
OS ELEMENTOS DA FÁBULA. - Conta a fábula, quase sempre, dois elementos: a narrativa, ou exemplo, e a máxima, ou argumento; mas pode constar unicamente da primeira.
1° A NARRATIVA. - A matéria da narrativa é às vezes, simplesmente uma descrição de animal, em que se transcrevem, além de particularidades físicas, suas qualidades e defeitos, suas atitudes e seus movimentos; outras vezes, é um contraste ("O carvalho e o caniço"), porém, as mais das vezes, é um conflito, e a forma dramática da narrativa se torna mais impressionante: o conflito é cômico, quando um espertalhão ludibria um tolo ("A raposa e o corvo"); é trágico, quando o mais fraco se torna vítima do mais forte ("O lobo e o cordeiro"). 2° A MÁXIMA. - As máximas nem sempre ensinam a virtude, pois são, antes de tudo, lições de prudência prática, de experiência, desprovidas de otimismo e que nos mostram quais são as exigências e as cruéis realidades da vida.
O SENTIDO SIMBÓLICO DAS FÁBULAS. - As fábulas foram consideradas de modo assaz diferentes. 1° - Viu-se nelas a pintura satírica da sociedade do tempo em que foram compostas; a jerarquia dos animais representaria, então, a jerarquia social: o leão seria o rei; o tigre, o leopardo, o lobo, etc., simbolizariam os nobres e poderosos senhores da corte; o urso seria o fidalgo camponês; a raposa e o macaco, os cortesãos bajuladores; o burro, a cabra, o carneiro, etc., a gente do povo; e o gato de pelos sedosos, o magistrado. 2° Viu-se nelas, ainda, uma pintura de toda a humanidade; e, já que tal pintura não envelheceu, é porque são os homens de todos os tempos que, mascarados de animais, encarnam as personagens de uma ampla comédia, cujo cenário é o universo. 3° Viu-se nelas, enfim, uma concepção filosófica, que reconduz o homem ao naturalismo de alguns antigos aproximando-o da natureza, dando-lhe por modelos os costumes simples e inocentes dos animais, ensinando-lhe que, entre nós e os brutos, não há muito grande diferença e que com eles podemos aprender muita coisa.
(FLOR DO LÁCIO. Autor OLIVEIRA, Cleófano Lopes de. Edição Saraiva, São Paulo 1969 - 10ª edição revista pelo autor).
A FÁBULA é a narração de uma pequena cena, cujos figurantes são geralmente, animais, sendo pouco numerosos aquelas em que as personagens são vegetais ou seres humanos. Tem ela por fim mostrar uma verdade de experiência ou um preceito moral. Parece ter nascido na Índia, onde talvez por causa da crença na metempsicose, havia mais interesse pelo estudo e observação dos costumes característicos dos animais. Ao que diz a lenda, foi o brâmane Pilpai quem lhe deu forma escrita, em sânscrito. Passou depois para Grécia, onde, com Esopo, atingiu alto grau de perfeição. Cultivaram-na, também, os Romanos, entre os quais se distinguiu Fedro, que se limitou a introduzir em Roma as fábulas gregas, imitindo-lhes, todavia, o fogo de seu gênio. Na Idade Média, surgiu ela no Ocidente, sob a forma duma coleção de história natural moralizadora, intitulada Bestiários. Mais tarde, no século XVII, La Fontaine adotou na França, dando-lhe a estrutura de um drama em miniatura, que tem por cenário a paisagem das diversas províncias francesas, observadas segundo o curso das estações ou das diferentes horas do dia. - Com estes três autores, atingiu o ápice da perfeição. Outros há, porém, que, em épocas diversas, brilharam neste gênero: Babrius, que pôs em versos as fábulas de Esopo; Florian, Aujbert, Lamotte e Lachambeaudie, na França; Guy e Dreyen, na Inglaterra; Gellert, Lessing e Borner e Hans Sachs, na Alemanha; Juan Ruiz, Juan Manuel, Iriarte e Samaniego, na Espanha. Em português, não temos fabulistas; nossos poetas não fizeram mais que uma grosseira e fria cópia de La Fontaine ou de Fedro. Em compensação, o povo anônimo das Américas é senhor de vastíssimo folclore animalista, a que falta, apenas, uma bela forma artística. É todo um repertório de peças interessantes, à procura de autor...
CARACTÉRÍSTICAS DA FÁBULA. - Deve a fábula ser curta, fácil e expressiva. Quando suas personagens são animais, convém conservar-lhes as qualidades predominantes (por exemplo: a timidez no carneiro, a voracidade no lobo, etc.), sem lhes falsear nem forçar a natureza, de modo que a conclusão seja a conseqüência lógica das circunstâncias e dos caracteres postos em jogo.
OS ELEMENTOS DA FÁBULA. - Conta a fábula, quase sempre, dois elementos: a narrativa, ou exemplo, e a máxima, ou argumento; mas pode constar unicamente da primeira.
1° A NARRATIVA. - A matéria da narrativa é às vezes, simplesmente uma descrição de animal, em que se transcrevem, além de particularidades físicas, suas qualidades e defeitos, suas atitudes e seus movimentos; outras vezes, é um contraste ("O carvalho e o caniço"), porém, as mais das vezes, é um conflito, e a forma dramática da narrativa se torna mais impressionante: o conflito é cômico, quando um espertalhão ludibria um tolo ("A raposa e o corvo"); é trágico, quando o mais fraco se torna vítima do mais forte ("O lobo e o cordeiro"). 2° A MÁXIMA. - As máximas nem sempre ensinam a virtude, pois são, antes de tudo, lições de prudência prática, de experiência, desprovidas de otimismo e que nos mostram quais são as exigências e as cruéis realidades da vida.
O SENTIDO SIMBÓLICO DAS FÁBULAS. - As fábulas foram consideradas de modo assaz diferentes. 1° - Viu-se nelas a pintura satírica da sociedade do tempo em que foram compostas; a jerarquia dos animais representaria, então, a jerarquia social: o leão seria o rei; o tigre, o leopardo, o lobo, etc., simbolizariam os nobres e poderosos senhores da corte; o urso seria o fidalgo camponês; a raposa e o macaco, os cortesãos bajuladores; o burro, a cabra, o carneiro, etc., a gente do povo; e o gato de pelos sedosos, o magistrado. 2° Viu-se nelas, ainda, uma pintura de toda a humanidade; e, já que tal pintura não envelheceu, é porque são os homens de todos os tempos que, mascarados de animais, encarnam as personagens de uma ampla comédia, cujo cenário é o universo. 3° Viu-se nelas, enfim, uma concepção filosófica, que reconduz o homem ao naturalismo de alguns antigos aproximando-o da natureza, dando-lhe por modelos os costumes simples e inocentes dos animais, ensinando-lhe que, entre nós e os brutos, não há muito grande diferença e que com eles podemos aprender muita coisa.
(FLOR DO LÁCIO. Autor OLIVEIRA, Cleófano Lopes de. Edição Saraiva, São Paulo 1969 - 10ª edição revista pelo autor).
********Marimaura********
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