domingo, 7 de junho de 2009

Fábulas de Esopo parte VII


A ROSA E O AMARANTO

Um amaranto disse à rosa, sua vizinha; - Como és bela! Deus e os homens te desejam! Tu é que és feliz por tua beleza e teu perfume! - Amaranto, breve é minha vida - respondeu a rosa -, mal desponto, alguém vem me colher. Tu, ao contrário, permaneces sempre jovem. Melhor viver mais tempo contentando-se com pouco, que ver a infelicidade e a morte virem rápidas depois de dias tão felizes.
(Autor: Esopo)


OS LOBOS E OS CORDEIROS

Os lobos estavam observando um rebanho de cordeiros. Como os cães de guarda os impediam de avançar, eles resolveram lançar mão da astúcia. Enviaram alguns dentre eles para pedir aos cordeiros que lhes entregassem os cães: - São eles – diziam os lobos -, que são a causa de nossa inimizade: entreguem-nos que a paz reinará entre nós. Sem saber o que lhes ia acontecer, os cordeiros entregaram os cães. E os lobos, uma vez de posse destes, não tiveram muito trabalho para dizimar o rebanho sem os guardiães. Quem entrega seus chefes não está vendo que em breve será presa de seus inimigos.
(Autor: Esopo)


O CAMELO VISTO PELA PRIMEIRA VEZ

A primeira vez em que viram um camelo, os homens fugiram assustados com o tamanho do animal. Mas quando, com o tempo, constataram que ele era dócil, fizeram tudo para se aproximar dele. Depois, dando-se conta de que ele não se aborrecia, começaram a tratá-lo com descaso a ponto de lhe colocar um cabresto e deixar que as crianças o conduzissem. O hábito faz arrefecer o medo.
(Autor: Esopo)


O CASTOR

O castor é um animal de quatro patas que vive nos pântanos. Dizem que seus órgãos sexuais servem para fazer remédio. Quando os caçadores o descobrem, capturam-no para lhos extirpar. Sabendo disso, ele foge a toda velocidade para se conservar inteiro. Quando acontece de ser capturado, ele mesmo decepa seus órgãos, abandona-os e salva assim sua vida. Olha com certo desdém quem põe o olho em tua riqueza a fim de salvar tua vida.
(Autor: Esopo)


DIÓGENES E O HOMEM DO RIO

Durante uma viagem, Diógenes, o cínico, parou diante da correnteza de um rio. E ficou ali na margem, sem saber o que fazer, quando um homem que tinha o hábito de atravessar as pessoas, vendo-o indeciso, aproximou-se e, com sua bondade, colocou-o nos ombros para levá-lo à outra margem. Diógenes ficou constrangido por ser muito pobre e não ter como pagar-lhe. Estava assim absorto em em seus pensamentos quando o homem, vendo um outro viajante com as mesmas dificuldades para atravessar o rio, correu até ele e ajudou-o a passar. Diógenes se aproximou dele e disse-lhe: - Pelo que vejo, não posso lhe ser agradecido, pois o que fazes é antes fruto de uma mania que de um discernimento. Quando prestas serviço tanto às pessoas honestas quanto aos néscios, terminas sendo visto não como um homem de boa vontade mas como um imbecil.
(Autor: Esopo)


OS CARVALHOS E ZEUS

Os carvalhos acusavam Zeus: - De que adiantou nos dar vida? Estamos muito mais expostos a morrer sob o machado que as outras árvores. Zeus disse então: - Vocês mesmos são os responsáveis por sua desgraça: se não produzissem os cabos do machado e não fossem úteis aos carpinteiros nem aos camponeses, não seriam abatidos. Insensato! Não acuses os deuses pelos males por que és responsável.
(Autor: Esopo)


A RAPOSA E O LENHADOR

A raposa estava fugindo dos caçadores. Ao ver um lenhador, suplicou-lhe um esconderijo. O lenhador convidou-a a se esconder em sua cabana. Os caçadores não tardaram a chegar e perguntaram ao lenhador se não tinha visto passar uma raposa. Ele disse que não com a voz, mas apontou-lhes com o dedo onde ela estava escondida. Os caçadores não levaram os gestos em consideração, prestando atenção somente no que ele falara. Ao vê-los se afastar, a raposa saiu sem dizer uma palavra. O lenhador repreendeu-a: - Veja só! Não tens nem mesmo uma palavra de agradecimento para quem te salvou? A raposa respondeu: - Eu diria obrigado se tuas palavras estivessem de acordo com teus gestos. Só quem pensa em fazer o mal é que chama a atenção sobre suas virtudes. (Autor: Esopo)


A GRALHA E AS POMBAS

Uma gralha viu num pombal umas pombas bem gordinhas. Pintou então as plumas de branco e se foi para o meio delas. Enquanto ficou calada, as pombas, tomando-a como uma irmã, ficaram admirando-a. Mas, ao primeiro grito que ela deu sem querer, não reconheceram sua voz e a expulsaram. Ao ver que não ia poder comer o alimento das pombas, a gralha voltou para os seus. Quando chegou lá, não conseguiu ser reconhecida por causa da cor e foi expulsa. Assim, não realizou nenhum de seus dois desejos. Contetemo-nos com nossos próprios bens. A cobiça não leva a nada, a não ser a perder muitas vezes o que já possuímos.
(Autor: Esopo)


DOIS INIMIGOS

Dois inimigos mortais iam no mesmo barco. Um ia na popa, o outro na proa. Veio uma tempestade. Como o barco estava para naufragar, o que estava na popa perguntou ao piloto por onde o barco começaria a afundar. - Pela proa -respondeu. - Está ótimo - disse o outro -, a morte para mim não tem nada de triste se eu conseguir ver meu ninimigo morrer antes de mim. Pouco nos importam os dissabores quando a desgraça fere nossos inimigos.
(Autor: Esopo)


O LEÃO E O RATO

Um rato foi passear sobre um leão adormecido. Quando este acordou, pegou o rato. Já estava para devorá-lo quando o rato pediu-lhe para deixá-lo ir embora: - Se me poupares -disse-, te serei útil. E o leão, achando aquilo engraçado, soltou-o. Tempos depois, o leão foi salvo pelo rato agradecido. Ele fora capturado por caçadores que o amarraram a uma árvore. O rato o ouviu gemer: foi até lá, roeu as cordas e o libertou. E disse ao leão: Naquele dia zombaste de mim porque não esperavas que eu mostrasse minha gratidão; aprende então que entre os ratos também se encontra o reconhecimento. Quando a sorte muda, os mais fortes têm necessidade dos mais fracos.
(Autor: Esopo)


O CAVALO E O PALAFRENEIRO

Ao palafreneiro que lhe roubava a cevada e ao mesmo tempo o acarinhava o dia inteiro,um cavalo declarou: - Queres mesmo que eu seja belo? Não vendas mais a minha cevada. Assim fazem as pessoas cúpidas: procuram seduzir os pobres com propostas insinuantes e bajulação, enquanto os priva do necessário.
(Autor: Esopo)


A RÃ E O RATO

Um rato do campo criou fortes laços de amizade com uma rã. Esta teve a infeliz idéia de atar a pata do rato à sua. E foram juntos pelos campos para arranjar alimento. Quando chegaram à beira de um açude, a rã arrastou o rato para o fundo, lançando-se na água com espalhafato. O pobre rato, de tanto beber água, morreu. Como seu cadáver flutuasse, amarrado que estava à pata da rã, um milhafre veio e o levou em suas garras. A rã foi forçada a ir com ele e terminou também na pança do milhafre. Tua vítima, mesmo morta, pode ainda te punir; a justiça divina a tudo vigia e, com o olho na balança, dá a cada um o que merece.
(Autor: Esopo)


O CERVO E SEU FILHOTE

Um dia, o filhote de cervo disse ao pai: - Pai, és mais rápido e maior que os cães; além disso, a natureza te deu chifres maravilhosos; como é possível então teres medo deles? E o cervo respondeu rindo: - E verdade, meu filho, e no entanto sei muito bem que, quando ouço um cão latir, isso é mais forte que eu e fujo. Não adianta querer convencer os fracos.
(Autor: Esopo)


AS LEBRES E AS RAPOSAS

As lebres, em guerra contra as águias, foram pedir socorro às raposas. Mas estas responderam: - Nós as socorreríamos se soubéssemos quem são vocês e qual o seu inimigo. Quem enfrenta alguém mais forte não dá valor à vida.
(Autor: Esopo)


O MORCEGO, A SARÇA E A GAIVOTA

Um morcego, uma sarça e uma gaivota decidiram entrar para o comércio marítimo. O morcego tomou dinheiro emprestado num banco popular, a sarça arranjou as roupas e a gaivota a louça. Feito isso, estava tudo pronto. Mas veio uma violenta tempestade e o barco naufragou. Os três se salvaram, mas a carga foi a pique. Desde então a gaivota não sai da praia, esperando que o mar devolva sua louça; o morcego, com medo dos credores, não sai de dia, só à noite, para procurar alimento; já a sarça agarra na roupa de quem passa, na esperança de encontrar os seus. Voltamos sempre ao que éramos antes. (Autor: Esopo)


A CAUDA E O CORPO DA SERPENTE

Um dia, a cauda da serpente quis ir na frente conduzindo todo o corpo. Este não aceitou: - Como nos conduzirá, você que não tem olhos nem nariz como os outros animais? Mas não adiantou de nada, o bom senso foi posto de lado: a cauda foi na frente do corpo, conduzindo-o cegamente, até que a serpente caiu no fundo de um precipício cheio de pedras, despedaçando-se. A cauda, então, toda ondulante, suplicou à cabeça: - Salva-nos, por favor, ó querida rainha, eu te fiz uma péssima proposta. Isto serve para os malandros e perversos que se revoltam contra seus mestres.
(Autor: Esopo)


O LEÃO APAIXONADO E O CAMPONÊS

Um leão se apaixonou pela filha de um camponês e a pediu em casamento. Como não queria dar sua filha a um animal selvagem a quem temia dizer não, o camponês imaginou o seguinte. Declarou ao leão, que o pressionava insistemente, que o considerava digno de casar com sua filha. Ele lha daria sob uma condição: que arrancasse os dentes e aparasse as garras, pois isso o assustava. O leão aceitou a proposta falcilmente: estava apaixonado. Mas, em troca, conseguiu apenas o desprezo do camponês, pois, quando voltou, foi expulso a pauladas. Se, ao confiar em alguém, renuncias a tuas prerrogativas, tu te tornas presa fácil para os que até então te temiam.
(Autor: Esopo)


PROMETEU E OS HOMENS

De acordo com as normas de Zeus, Prometeu criou os homens e os animais. Mas, vendo que estes eram muito mais numerosos, Zeus ordenou a Prometeu suprimir um certo número, transformando-os em homens. Assim foi feito. Eis por que há homens que de humano só têm a aparência, mas a alma é de animal.
(Autor: Esopo)


ENTRE ÁRVORES

Os mais belos frutos? Cada árvore - a romãzeira, a macieira e a oliveira - se gabavam de produzi-los. Criou-se uma discussão. Uma sarça da vizinhança entrou na briga: - Ora, minhas amigas, não vamos perder nosso tempo discutindo. Quanto os melhores se entredevoram, os insignificantes fazem tudo para parecer importantes.
(Autor: Esopo)


A CORNETA

Os soldados, com raiva da corneta que os convocava pra a guerra, tomaram-na como refém. A corneta gritava: - Por favor, não me matem assim, sem mais nem menos: não matei nenhum dos seus e, além desse cobre de que sou feita, não possuo mais nada. Eles responderam: - Uma razão a mais para te matar, tu, que, por não poderes fazer a guerra, excitas os outros ao combate. Infelizes daqueles que levam os fortes a se mostrar cruéis e maus.
(Autor: Esopo)


O PESCADOR E OS PEIXINHOS

Quando o pescador puxou sua rede da água, ela veio repleta de peixes graúdos que ele espalhou pela areia. Os menores escaparam pelos buracos da rede e voltaram ao mar. Quem tem uma posição modesta escapa facilmente da rede em que caem os mais graúdos.
(Autor: Esopo)


A RAPOSA E O BODE

Uma raposa caíra num poço. Não havia como sair. Foi quando apareceu um bode sedento. Ao ver a raposa, perguntou-lhe se a água era boa. Diante de tanta sorte, a raposa começou a elogiar a água: não havia mais saborosa. E convidou o bode a descer também. Sem pensar duas vezes e só pensando em saciar a sede, o bode desceu. Depois de beber à vontade, era hora de voltar à superfície: “como fazer?”, perguntou à raposa. - Eu sei – disse ela -, de uma boa saída, desde que tenhas vontade de nos tirar desse aperto: põe os teus pés da frente contra a parede e ergue os teus chifres; aí eu dou um pulo e saio. Uma vez lá fora, eu te puxo. O bode fez o que ela disse. Com a ajuda das pernas, das costas e dos chifres do bode, ela conseguiu, dando alguns pulos, voltar à boca do poço e, assim que se viu salva, foi embora. Como o bode a repreendesse por não ter cumprido o acordo, a raposa lhe disse: - Ah, meu caro, se tivesses tanta presença de espírito quanto pêlos no queixo, não terias descido sem saber como irias sair. É preciso antever o final em tudo o que se faz.
(Autor: Esopo)


O LOBO FERIDO E A OVELHA

Um lobo que havia sido mordido pelos cães e estava em lamentável estado não podia mais ir atrás de alimento. Ao ver uma ovelha, ele pediu-lhe para ir buscar água no rio próximo. - Se me deres água - disse-lhe -, poderei depois ir procurr comida. Mas a ovelha respondeu: - Se te dou o que beber, serei o teu de-comer. Que isso sirva de lição aos hipócritas com suas armadilhas. (Autor: Esopo)


A LAMPARINA

Uma lamparina cheia de óleo gabava-se de ter um brilho superior ao do sol. Um assovio, uma rajada de vento e ela apagou-se. Acenderam-na de novo e lhe disseram: - Ilumina e cala-te. O brilho dos astros não conhece o eclipse. Que o brilho de uma vida gloriosa não te encha de orgulho. Nada do que adquirimos nos pertence de verdade. (Autor: Esopo)


O CÃO E O CHOCALHO

Como um cão mordia as pessoas traiçoeiramente, seu dono atou-lhe um chocalho no pescoço para que assim soubessem de sua presença. E o cão, ao sacudir o chocalho, divertia a todos na praça pública. Mas uma velha cadela lhe disse: - Por que tanto orgulho? Não é por seres vituoso que tens este chocalho no pescoço. Ele representa o teu vício oculto. Pobres fanfarrões! Por trás da glória que ostentam esconde-se a maldade. (Autor: Esopo)


O ADIVINHO

Um adivinho montara sua banca numa praça e começou a ficar rico. Mas, de repente, alguém veio lhe dizer que haviam forçado as portas de sua casa e tinham-lhe roubado tudo. Transtornado, ele se levantou dum pulo só e, lamentando-se, correu até a casa para ver o que tinha acontecido. Um dos que se encontravam lá disse-lhe impertinente: - Como é que é, amigo! Ficas te vangloriando de prever o destino dos outros e não prevês o teu? Muita gente se acha capaz de dirigir os negócios dos outros quando não é capaz de dirigir os próprios.(Autor: Esopo)


AS ABELHAS E ZEUS

Ciosas de seu mel, as abelhas resolveram escondê-lo dos homens. Para isso foram até Zeus e lhe pediram a força necessária para matar a ferroadas os que se aproximassem de seus favos para beber o mel. Mas aquela maldade desagradou a Zeus. Ele as castigou então da seguinte forma: sempre que ferroassem alguém, perderiam o ferrão e a vida. A pessoa perversa chega ao ponto de fazer o mal a si mesma. (Autor: Esopo)


OS SACERDOTES DE CIBELE

Quando iam viajar, os sacerdotes tinham um asno que levava suas bagagens. Mas, um dia, o animal morreu de cansaço. Eles então arrancaram-lhe a pele e com ela fizeram tamborins para se divertir. Outros sacerdotes os encontraram e perguntaram como ia o asno. - Morreu - responderam. - Mas agora ainda está apanhando mais que antes. Por mais que tenha conseguido se libertar, o escravo muitas vezes ainda tem de desempenhar outros trabalhos servis. (Autor: Esopo)

**********Marimaura**********

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