domingo, 7 de junho de 2009

Fábulas de Esopo parte IV


O GATO E AS GALINHAS

Chegou até aos ouvidos de um gato que em certo galinheiro as galinhas estavam doentes. Ele se fez então passar por médico e, levando consigo os instrumentos necessários, foi até lá. Ao chegar à porta do galinheiro, perguntou-lhes:
- Como estão? Elas responderam:
- Muito bem, desde que dês o fora.
Por mais que queira passar por bonzinho, o homem mau não engana o homem sensato.
(Autor: Esopo)


A RAPOSA COMILONA

Uma raposa que estava morrendo de fome viu que alguns pastores haviam deixado pão e carne no oco de uma árvore. Sorrateiramente, foi lá e comeu tudo. Como a barriga cresceu e ela ficou presa no buraco, gemia e se lamentava. Uma outra raposa que passava por perto ouviu-a se lamentando e perguntou por quê. Quando soube o que tinha acontecido, disse-lhe:
- Paciência! Quando voltares ao que eras antes, sairás facilmente.
O tempo resolve as dificuldades. (Autor: Esopo)


O CABRITO E O LOBO

Da casa em que se encontrava, um cabrito viu passar um lobo.
Pôs-se a insultá-lo e a escarnecer-lhe. O lobo disse então:
- O insulto não vem de ti, mas do lugar onde estás.
Muitos deixariam de ser valentes diante dos fortes se não estivessem em lugar seguro.
(Autor: Esopo)


A GRALHA E OS CORVOS

Uma gralha de tamanho descomunal olhava seus semelhantes com desdém. Partiu então em busca dos corvos para morar com eles. Mas os corvos, que nunca a tinham visto, expulsaram-na sem piedade.
Rejeitada por eles, a gralha voltou para os seus. Mas estes não lhe perdoavam o orgulho: não aceitaram de volta. E ela não pode viver nem com uns nem com os outros.
Não troques a tua terra por uma outra: nesta serás rejeitado por ser estrangeiro e naquela o teu desprezo será devolvido em ódio.
(Autor: Esopo)


A RAPOSA E O CROCODILO

Uma raposa e um crocodilo discutiam para ver qual dos dois era mais nobre. O crocodilo se gabava dos feitos de seus ancestrais e concluiu dizendo que seus pais presidiam os jogos ginásticos.
A raposa replicou: “Nem precisavas dizer, só de olhar tua pele já dá para ver tua longa prática esportiva”. Contra os mentirosos, os fatos falam por si sós.
(Autor: Esopo)


OS VIAJANTES

Alguns homens iam por uma estrada para fechar um negócio. Eis que, no caminho, encontram um corvo caolho. Como não queriam passar pelo pássaro, um deles, pensando que estavam diante de um mau presságio, achou melhor não ir em frente. Um outro replicou:
- Como esse pássaro pode prever nosso futuro se não soube evitar a perda de seu próprio olho? Não dá para ouvir os conselhos de quem não sabe cuidar de si mesmo.
(Autor: Esopo)


A CORÇA E O LEÃO

A corça perseguida por caçadores chegou à entrada de uma gruta onde estava um leão. Ela entrou para se esconder. Quando estava morrendo sob as garras da fera, ela disse:
- Triste destino o meu: tentei fugir dos homens e terminei nas garras de um animal selvagem.
Às vezes o medo de um perigo pequeno termina nos levando a um perigo maior. (Autor: Esopo)


OS BOIS E O EIXO

Um carro era arrastado pelos bois. Como o eixo rangia, eles se voltaram e disseram-lhe: "Nós puxamos o carro e você é quem geme?".
Para uns o sacrifício, para outros as queixas.
(Autor: Esopo)


HÉRACLES E ATENA

Quando caminhavam por uma rua esteita, Héracles viu no chão alguma coisa que se parecia com uma maçã e quis esmagá-la. A coisa então aumentou de volume diante de seus olhos. Ele pisoteou com mais força ainda e a golpeou com a clava. Mas a coisa engrossou de tal forma que bloqueou o caminho. Héracles jogou fora a clava e ficou ali, presa do espanto, quando Atena lhe apareceu e disse:
- Pára, irmão, o que estás vendo é o espírito da querela e da discórdia. Quanto mais a gente deixa de provocá-lo, menos ele reage. Mas, quando o atacamos, ele cresce da forma que estás vendo.
(Autor: Esopo)


A RAPOSA E A GRALHA

Uma gralha faminta estava no alto de uma figueira; estava achando os frutos muito verdes e esperava que amadurecessem. Uma raposa, ao vê-la esperar pelo tempo, descobriu logo a razão e lhe disse: "Minha amiga, não adianta alimentar esperanças. Elas só nos enchem de ilusões".
(Autor: Esopo)


OS ESCARGÔS

Um pobre camponês pusera uns escargôs para assar na grelha. Ao ouvir os estalos, ele disse: "Que idiotas, ainda cantam enquanto suas carapaças ardem! Quem age na hora errada termina sendo insultado. (Autor: Esopo)


OS VIAJANTES E A URSA

Dois amigos iam por uma estradaa. De repennte surge uma ursa. Um deles logo sobre numa árvore para se esconder. O outro, vendo-se quase pego, deitou no chão e se fingiu de morto. A ursa passa o focinho sobre ele, fareja-o daqui, fareja-o dali, e ele de respiração presa.(Dizem que os ursos respeitam os mortos).
O animal se foi e o que estava na árvore desceu e perguntou ao amigo o que a ursa lhe havia dito no ouvido. "Para não viajar mais com amigos que nos deixam sozinhos no perigo", respondeu. É nas vicissitudes que conhecemos os amigos.
(Autor: Esopo)


OS VASOS

Um pote de barro e um de cobre boiavam num rio. O primeiro disse ao outro: "Fica longe de mim, porque se me tocares serei destruído".
Não há vizinhança mais perigosa para um pobre que a de um senhor voraz.
(Autor: Esopo)


A MULHER E A GALINHA

Uma viúva tinha uma galinha que punha um ovo todo dia. "Dando-lhe um pouco mais de cevada, ela porá dois", disse ela. Mas deu-lhe tanta cevada que a galinha ficou entupida e não conseguiu por nem mais uma vez por dia. Por querer sempre mais, perdes até o que já tens.
(Autor: Esopo)


A GRALHA E OS PÁSSAROS

Zeus tinha decidido: iria escolher um rei para os pássaros. No dia marcado, todos compareceriam diante dele e o mais belo seria o eleito. Os pássaros foram então ao rio tomar banho. A gralha, ao se ver tão feia, recolheu as plumas caídas dos outros pássaros e cobriu-se com elas colando-as firmemente. Assim, foi ela que ficou com a melhor aparência. Quando chegou o dia marcado, todos os pássaros compareceram diante de Zeus. A gralha também foi, toda coberta de plumas variadas.
Quando a mão de Zeus já ia apontá-la como rainha - tal era a sua beleza-, cada um dos pássaros, indignados, arrancou-lhe a pena que lhe pertencia. Ficando sem os adornos, a gralha voltou ao que era. Ao tomar emprestado o dinheiro dos outros, o devedor se dá ares de rico; ao devolvê-lo, volta ao que era antes.
(Autor: Esopo)


A FEITICEIRA

Uma feiticeira dizia que era capaz de sortilégios que acalmavam a ira dos deuses. Nunca estava sem trabalho e conseguia assim uma boa renda. Mas, acusada de praticar rituais novos, foi julgada pela justiça e condenada à morte. Ao vê-la sair escoltada do tribunal, um sujeito matreiro lhe disse: "E então? Tu, que te vangloriavas de desviar a ira dos deuses, não foste capaz de persuadir os homens?" Que a vergonha destrua todas as falsas videntes. Prometem mundos e fundos e tropeçam numa dificuldade bem tola.
(Autor: Esopo)


A GALINHA E A ANDORINHA

Uma galinha que havia encontrado ovos de serpente, chocou-os cuidadosamente até o dia final. Uma andorinha que a vira fazer aquilo disse-lhe: - Tu és doida! Para que criar seres que quando crescerem farão de ti a primeira vítima? Não se pode esperar nenhuma bondade das pessoas perversas.
(Autor: Esopo)


O CAÇADOR MEDROSO E O LENHADOR

Um caçador procurava o rastro de um leão. Perguntou então a um lenhador: - Se o senhor visse o rastro da fera saberia dizer onde ela mora?
- Vou te mostrar o animal -respondeu o lenhador. Pálido de medo e batendo os dentes, o caçador exclamou:
- Não estou procurando o leão, estou procurando o seu rastro. Assim é o medroso metido a valente: só é audacioso nas idéias.
(Autor: Esopo)


O CAÇADOR E A PERDIZ

Era uma vez um caçador que recebeu a visita de um hóspede numa hora bem avançada. Sem ter nada o que ofereder ao visitante, foi até a perdiz que criava e já ia sacrificá-la quando esta lhe disse: - Seu ingrato! Não sou eu que te sirvo de chamariz para as minhas irmãs e ainda queres me matar? Ele respondeu: - Eis uma razão a mais para te imolar, pois não poupas nem teus semelhantes.
Quando traímos os nossos, despertamos o ódio dos que foram traídos e daqueles para os quais traímos.
(Autor: Esopo)


O PORCO E OS CARNEIROS

Um porco tinha se misturado a um rebanho de carneiros e pastava com eles. Um dia o pastor o pegou. Como ele gritasse e resistisse, os carneiros o repreenderam: - Nós ficamos berrando quando ele nos pega? O porco replicou: -Questão de detalhe. Quando ele corre atrás de vocês, é porque quer sua lã ou seu leite, mas de mim ele quer a carne. Reclamamos com razão quando querem tirar não teus bens, mas tua vida. (Autor: Esopo)


A VESPA E A SERPENTE

Uma vespa havia pousado na cabeça de uma serpente e a atromentava com suas picadas incessantes. A serpente, que se torcia de dor sem poder se defender, pos a cabeça sob a roda de uma carroça levando consigo a vespa. Que eu morra, desde que meu inimigo morra também. (Autor: Esopo)


A ÁGUIA E O ESCARAVELHO

Uma lebre estava sendo perseguida por uma águia. Em seu desespero, foi obrigada a pedir ajuda ao único animal que lhe apareceu: um escaravelho. Este tranqüilizou-a, e disse à águia que se aproximava: "Por favor, poupa meu suplicante". Mas a águia, que não tinha senão desprezo pelo diminuto escaravelho, devorou a lebre diante de seus olhos. Desde então, cheio de rancor, o escaravelho não parava de ficar espiando a águia. Quando ela punha os ovos, ele ia até o ninho e empurrava-os para quebrá-los. Não sabendo mais o que fazer, a águia foi até Zeus, seu protetor juramentado, e lhe pediu um lugar seguro para fazer seu ninho. Zeus permitiu que ela pusesse os ovos nas dobras de sua veste. Mas nem isso havia escapado ao escaravelho: ele fez uma bolinha com seu cocô e voou. Ao sobrevoar o regaço de Zeus, deixou cair a bolinha. E Zeus, ao erguer para se livrar do cocô, esquecido dos ovos, deixou-os cair no chão. Diz-se que, desde então, as águias não fazem mais seu ninho na estação dos escaravelhos. Não há fraco que, ultrajado, não tenha um dia força para se vingar: quem os olha do alto, cuidado!
(Autor: Esopo)


O CAMELO QUE DANÇAVA

O camelo dizia a seu dono que o obrigava a dançar: "Se já sou todo desajeitado quando ando, imagine quando danço...". Isto se aplica a tudo o que foge ao seu natural.
(Autor: Esopo)


OS GALOS E A PERDIZ

Um criador de galos viu na feira uma perdiz à venda. Comprou-a e levou-a para casa para criar junto com os galos. Mas estes a rejeitaram dando-lhe bicadas, e a perdiz, despeitada, pensava que o desprezo deles era porque tinha outra origem. Pouco depois, venho dois galos se engalfinharem até tirar sangue, ela disse: - Pois bem, não tenho mais com que me preocupar ao ser ferida por esses dois que não poupam nem a si mesmos. O homem sensato suporta mais falcilmente os agravos do outro quando vê que este não poupa nem o seu próximo.
(Autor: Esopo)


OS PESCADORES E O ATUM

Alguns homens foram à pesca e, apesar de todos os longos e terríveis esforços, não conseguiram pescar nada. Estavam sentados, desenimados, em sua barca, quando um atum, sem querer, pulou dentro, correndo de um pescador. Eles o capturaram, levaram-no para casa e o venderam. Assim, muitas vezes, o acaso nos dá o que com nosso trabalho não conseguimos.
(Autor: Esopo)


A RAPOSA E O CÃO

Uma raposa se misturou a um rebanho de ovelhas. Pegou um carneirinho que ainda mamava e fingiu que o acalentava. Um cão lhe perguntou: - Que estás fazendo?
- Estou fazendo um carinhozinho nele, disse a raposa. - Se não largares já já - disse o cão -, sou eu que vou te acalentar.
(Autor: Esopo)



O NÁUFRAGO

Um rico ateniense navegava com outros passageiros. Veio uma forte tempestade: o barco virou. Enquanto todos os seus companheiros lutavam nadando contra as ondas, o ricaço ateniense não parava de invocar Atena, prometendo-lhe uma oferenda atrás da outra se ela o salvasse. Um dos náufragos, que nadava a seu lado, disse-lhe: - Convoca Atena e também teus braços. Ao procurar socorro convocando os deuses, é bom também fazermos nossa parte.
(Autor: Esopo)


A VÍBORA E A LIMA

Uma víbora entrou no ateliê de um ferreiro e pediu um favor às ferramentas. Ela o conseguiu. Restou a lima, que respondeu assim ao seu pedido; - Tu és bem ingênua ao pensar que vais conseguir algo de mim; tenho por hábio não dar, mas tomar. Tolo quem pensa que vai conseguir tirar alguma coisa do avarento.
(Autor: Esopo)


O MOSQUITO E O LEÃO

O mosquito foi dizer ao leão: - Não tenho medo de ti, não és mais forte que eu. És mesmo forte? Arranhas com as unhas e mordes com os dentes; mas uma mulher faz o mesmo quando briga com o marido. Eu sou muito mais forte que tu. Enfrentemo-nos, se quiseres. E, zumbindo, o mosquito se pôs a picar o leão no focinho, onde não há pelo. O leão ficou tão machucado que terminou por entregar as armas. O mosquito deu-se como vencedor e foi embora. Mas caiu numa teia de aranha e, enquanto esta o engolia, ele se lamentava: - Eu, que fiz a guerra contra os maiorais, como fui morrer entre as patas de uma vulgar aranha?
(Autor: Esopo)


O CÃO E A RAPOSA

Um cão de caça viu um leão e se lançou no seu encalço. Mas o leão se voltou e pôs-se a rugir. Assustado, o cão deu uma meia-volta e foi embora. Uma raposa, vendo-o fazer aquilo, disse-lhe: - Pobre cão! Perseguias um leão e te assustas com um simples rugido? O presunçoso que quer ir além de suas forças treme logo diante de algéum que lhe resista.
(Autor: Esopo)


O LOBO E A VELHA

Um lobo faminto estava atrás do que comer quando ouviu uma mulher dizer a uma criança que chorava: - Pára de chorar, senão vou te entregar ao lobo. O lobo acreditou que a velha falava sério; parou e ficou à espera. Bem mais tarde, quando caiu a noite, ele ouviu de novo a velha falar. Ela acalentava o bebê e dizia: - Se o lobo vier, queridinho, nós o mataremos. Ouvindo isso, o lobo se foi dizendo: - Neste casebre, dizem uma coisa e fazem outra. Muitos homens fazem o mesmo.
(Autor: Esopo)


O VIAJANTE E HERMES

Um homem que estava fazendo uma longa viagem fez uma promessa: se encontrasse alguma coisa, ofereceria a metade a Hermes. Foi quando caiu sobre um saco cheio de amêndoas e de tâmaras e, acreditando que se tratava de dinheiro, pegou-o. Quando o sacudiu, viu o que continha e comeu tudo. Depois, pegou as cascas e os caroços e depositou-os no altar declarando: - Aceita, Hermes, minha oferenda. Reservei para ti uma parte do meu achado: metade da parte de fora, metade da parte de dentro. Há avaros cuja cupidez consegue enganar até os deuses.
(Autor: Esopo)

************Marimaura***********

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