domingo, 7 de junho de 2009

Fábulas de Esopo parte XIII


O PAVÃO E A GRALHA

Os pássaros discutiam:
- Quem será nosso rei?
- Por minha beleza, serei eu - disse o pavão. Todos o aprovaram. Mas a gralha argumentou:
- Vejamos. Tu és nosso rei, uma águia nos ataca. Como vais nos salvar?
Previdência é sabedoria.
(Autor: Esopo)


O LOBO E A CABRA

Um lobo viu uma cabra que pastava na encosta de um rochedo escarpado. como não conseguia ir até lá, convidou-a a descer:
- Cuidado, qualquer desatenção e cais - disse ele. - E memsmo aqui onde estou o capim é melhor, a relva está toda floridda.
Mas a cabra respondeu:
- O festim para o qual me convidas é o da tua pança vazia.
Quem conhece o homem mau sabe de suas astúcias.
(Autor: Esopo)


ZEUS E A TARTARUGA

Para celebrar suas núpcias, Zeus tinha convidado todos os animais para participar do banquete. Só a tartaruga não foi. No outro dia, Zeus quis saber os motivos de sua ausência:
- Todos os animais vieram. Por que só tu não vieste?
A tartaruga respondeu:
- Não há melhor casa que a minha.
Zeus irritado com ela, deu-lhe o castigo de carregar nas costas a casa por onde quer que fosse.
Muita gente prefere viver modestamente em sua casa que na opulência em casa alheia.
(Autor: Esopo)


A ESCRAVA E AFRODITE

Uma escreva feia e má era amada por seu senhor. Ela gastava todo o dinheiro que ele lhe dava em adornos. Queria que eles fossem mais belos que os da patroa. Por isso, oferecia sacrifício atrás de sacrifício a Afrodite, a quem atribuía a graça de estar ficando cada dia mais bela. Mas a deusa lhe apareceu em sonho e disse:
- Não te enganes. Nem penses que estou te fazendo bela, estou sim é irada com o teu patrão.
Que as fumaças do orgulho não te ceguem, tu que, sem berço e sem beleza, deves tua riqueza a procedimentos vergonhosos.
(Autor: Esopo)


ESOPO NUM ESTALEIRO

Esopo, o fabulista, foi flanar num estaleiro. Lá, provocado pelas zombarias dos operários, disse-lhes:
- Quando o mundo era apenas água e caos, Zeus quis fazer um dia um novo elemento: a terra. Foi por isso que ele a fez engolir o mar três vezes. Da primeira vez, a terra deixou aparecer as montanhas; da segunda, as planícies; quando ela for beber pela terceira vez, a arte de vocês não servirá para nada.
Quem ri de quem lhe é superior terminará perdendo o riso.
(Autor: Esopo)


OS DOIS GALOS E A ÁGUIA

Dois galos brigavam por uma galinha. Um colocou o outro para correr. O vencido foi se refugiar num recanto obscuro. O vencedor, todo vaidoso, e alcançando o alto de um muro, pôs-se a cantar a todo pulmão. Veio uma águia certeira e caiu sobre ele, levando-o pelos ares. Saindo de seu esconderijo, seu rival pode então se divertir livremente com as galinhas.
(Autor: Esopo)


A CIGARRA E A FORMIGA

Era inverno e as formigas botaram para secar os grãos que a chuva molhara. Uma cigarra faminta lhes pediu o que comer. Mas as formigas lhe disseram:
- Por que tu também não armazenaste tua provisão durante o verão?
- Não tive tempo – respondeu a cigarra -, no verão eu cantava.
As formigas completaram:
- Então agora dance.
E caíram na risada.
(Autor: Esopo)


A GRALHA E O CORVO

Invejosa do corvo, a gralha sonhava com o mesmo tratamento que davam a ele: o corvo, como se sabe, é visto pelos homens como uma ave cujos gritos são cheios de presságios. Ao ver passar uns viajantes, a gralha foi postar-se no alto de uma árvore e de lá começou a emitir seus gritos. Assustados com aquela voz, os viajantes se voltaram. Um deles falou então:
- Vamos embora, é só uma gralha e seus gritos não pressagiam nada.
O fracasso e o ridículo são o fim de quem pretende competir com os mais fortes.
(Autor: Esopo)


O PAPAGAIO E A GATA

Um homem comprara um papagaio e o deixou solto pela casa. Mas o papagaio tinha lá suas manias. Alçou vôo e foi pousar no altar dos deuses domésticos, pondo-se a gritar alegremente. Vendo-o ali, a gata da casa lhe perguntou quem ele era e de onde vinha.
-O patrão – respondeu o papagaio -,acaba de me comprar.
- E és tu, atrevido, que, recém-chegado, gritas desse jeito, enquanto eu, que nasci aqui, sou proibida de fazer isso. Vá eu gritar e logo serei expulsa.
- Que é isso, senhora! É que minha voz não incomoda os patrões como a sua.
Isto vale para as pessoas de má vizinhança que sempre têm de que reclamar.
(Autor: Esopo)


O ARQUEIRO E O LEÃO

Um caçador foi até a montanha. Tratava-se de um excelente arqueiro. Ao vê-lo, todos os animais fugiram, ficando apenas o leão, que o provocou para uma luta. O caçador arremessou-lhe uma flecha e disse:
- Viste meu mensageiro. Agora vais me ver em pessoa.
Ferido pela flecha, o leão fugiu.
- Que é isso – disse-lhe uma raposa -, pára de correr.
- De jeito nenhum – respondeu o leão. – Se o mensageiro fere desse jeito, o que será de mim quando o encontrar em pessoa?
Não esperemos pelo tempo: fujamos do perigo ao primeiro sinal.
(Autor: Esopo)


O ASNO COM A PELE DE LEÃO

Um asno vestido com a pele de um leão começou a semear o terror entre os animais. Ao ver uma raposa, quis pregar-lhe também um susto. Mas a raposa, que há pouco o tinha visto zurrar, disse-lhe:
- Eu teria tido medo se não tivesse te ouvido zurrar.
Quem se despoja mal do que é, fantasiando-se com o hábito alheio para parecer diferente, revela-se logo quem é porque não consegue ficar calado.
(Autor: Esopo)


DÊMADES, O ORADOR

Um dia, Dêmades falava ao povo de Atenas. Como ninguém o escutava, ele pediu permissão para contar uma fábula de Esopo. Permissão dada, ele começou:
- Deméter, uma andorinha e uma enguia caminhavam juntas. Chegaram à beira de um riacho. A andorinha então voou e a enguia mergulhou na água. Depois se calou:
- E Deméter – quis saber o povo -, o que ela fez?
Ela ficou irada com vocês, que deixam de lado os negócios do Estado para ficar ouvindo fábulas de Esopo.
Insensato. Trocas o necessário pelo prazer!
(Autor: Esopo)


A MOSCA

Uma mosca caiu numa panela de carne. Afogada no molho e já quase morrendo, ela disse para si mesma:
“Se já comi, já bebi e já tomei banho, que me importa morrer?”
Suportamos a morte com mais facilidade quando a ela não associamos pensamentos tristes.
(Autor: Esopo)


A CAMELA

Uma camela atravessava um rio de águas turbulentas. Tendo defecado, as fezes levadas pelo redemoinho foram parar no seu focinho. Ela então exclamou:
- Como é que o que estava atrás veio parar na minha frente?
Em certas ocasiões, os sensatos são ultrapassados pelos piores imbecis.
(Autor: Esopo)


GUERRA E VIOLÊNCIA

Cada um dos deuses se casou com a mulher que o destino lhes havia reservado. Quando foi a vez do deus Guerra, só havia sobrado a Violência: ele se apaixonou loucamente por ela e a desposou. Desde então, ele a acompanha por toda parte.
A violência impera numa cidade ou entre as nações, trazendo guerra e discórdia.
(Autor: Esopo)


O GATO E O GALO

Um gato queria ter uma boa razão para devorar um galo que caiu em suas garras.
- À noite – acusou-o -, teus gritos não deixam os homens dormir.
O galo se defendeu:
- É um serviço que lhes presto, chamando-os a seus deveres.
O gato não se abalou e acusou o galo de ultrajar a natureza por não respeitar nem a mãe nem as irmãs.
O galo respondeu:
- Isso reverte mais uma vez para o bem de meus patrões: eles têm assim ovos em abundância.
Os pretextos especiais de nada servem quando o celerado, desavergonhadamente, está decidido a fazer o mal.
(Autor: Esopo)


O PESCADOR QUE TOCAVA FLAUTA

Um pescador, que era também flautista, pegou a flauta e a rede e foi pescar. De pé num promontório, pôs-se a tocar. Os peixes, pensava ele, atraídos pela beleza da música, pulariam sozinhos fora d’água. Tocou um bom tempo sem parar. Em vão. Deixando de lado a flauta, pegou a rede e a lançou na água. Pegou um monte de peixes. Tirava-os da rede e os jogava na areia. Como os peixes se retorciam, ele disse:
- Seus malditos, quanto vocês não dançaram enquanto eu estava tocando!
Assim agem os ardilosos.
(Autor: Esopo)


O JARDINEIRO E O CÃO

Um jardineiro desceu ao fundo de um poço para tirar seu cão que caíra lá dentro. Pensando que seu dono descera para enterrá-lo ainda mais, o cão voltou-se contra ele e mordeu-o
O jardineiro saiu do poço lamentando sua dor: “Bem empregado. Quem mandou eu querer tirar do aperto quem lá se meteu voluntariamente"?
(Autor: Esopo)


A GATA E AFRODITE

Uma gata que se apaixonara por um fino rapaz pediu a Afrodite para transformá-la em mulher. Comovida por tal paixão, a deusa transformou o animal numa bela jovem. O rapaz a viu, apaixonou-se por ela e a desposou. Para ver se a gata havia se transformado completamente em mulher, Afrodite colocou um camundongo no quarto nupcial. Esquecendo onde estava, a bela criatura foi logo saltando do leito e pôs-se a correr atrás do ratinho para comê-lo. Indignada, a deusa fê-la voltar ao que era.
O perverso pode mudar de aparência, mas não de hábitos.
(Autor: Esopo)


A VELHA E O MÉDICO

Uma velha senhora doente dos olhos mandou chamar um médico. Ele foi atendê-la e, sempre que lhe aplicava um ungüento, roubava alguma coisa da casa, já que ela estava de olhos fechados. Depois de tratá-la e de levar seus móveis, apresentou-lhe a conta. Como a velha não quis pagá-la, ele abriu-lhe um processo. No tribunal, ela declarou que tinha se comprometido com ele a pagar desde que ele a curasse; ora, no momento, ela estava vendo bem menos que antes da cura: “antes”, disse ela, “eu via todos os móveis de minha casa; agora não vejo mais nenhum”.
(Autor: Esopo)


A NOVILHA E O BOI

Pobre de ti, disse uma novilha a um boi que estava trabalhando.
Nisso, houve uma festa. Desatrelam o boi. Pegam a novilha e a matam. E o boi sorrindo: “Está aí, minha cara novilha, por que estavas sem trabalhar: teu destino era o sacrifício”.
A ociosidade é perigosa.
(Autor: Esopo)


OS GOLFINHOS, AS BALEIAS E A CARPA

Golfinhos e baleias se engalfinhavam . A batalha renhida já durava muito tempo quando, vindo das profundezas, uma carpa tentou reconciliá-los.
Mas um dos golfinhos falou:
- Antes morrer sob os golpes de nossos adversários que te ter como mediador!
Em tempos de conflito, os insignificantes tentam fazer-se importantes.
(Autor: Esopo)


DIÓGENES E O HOMEM CARECA

Diógenes disse ao homenzinho que o insultava: “O insulto? Não é o meu forte. Mas todos os meus cumprimentos aos fios de cabelo que desertaram dessa tua cabeça perversa”.
(Autor: Esopo)


HERMES E O ESCULTOR

Hermes quis saber qual o grau de estima que os homens lhe devotavam. Tomou a aparência de um mortal e foi ao ateliê de um escultor. Ao ver uma estátua de Zeus, perguntou:
- Quanto Custa?
- Um dracma – respondeu-lhe o homem.
- Hermes sorriu:
- E aquela, de Hera?
- É mais cara.
Hermes viu então sua própria estátua. Achava que, sendo ao mesmo tempo mensageiro e deus do comércio, seu preço seria bem mais alto.
- E Hermes, quanto custa? – quis saber.
- Oh, se comprares as outras duas, a levas de brinde.
Quem se acha o tal termina valendo menos que o esperado.
(Autor: Esopo)


O HOMEM QUE QUERIA COMPRAR UM ASNO

Um homem estava querendo comprar um asno e levou-o para testá-lo. Colocou-o entre os que já tinha e pôs-lhe um cabresto. Mas o animal, abandonando a companhia dos outros, preferiu ficar com o mais preguiçoso e o mais glutão de todos. Como não nada fazia, o homem passou-lhe uma corda no pescoço e foi devolvê-lo a seu dono. Este perguntou se a experiência tinha sido boa.
- Nem precisei pô-lo à prova. Sei que ele se parece com o companheiro que escolheu - respondeu o homem.
Somos julgados por nossas companhias.
(Autor: Esopo)


O PESCADOR

Um pescador estava pescando num riacho. Jogara a rede de uma margem à outra e com uma pedra amarrada numa corda pôs-se a bater na águua. Os peixes em fuga, pensou ele, iriam cair nas malhas de sua rede. Ao vê-lo agir assim, um morador das redondezas repreendeu-o:
- Assim nos impede de beber água limpa.
O pescador retorquiu:
- Sim, mas se eu não remexer a água vou morrer de fome.
Os demagogos seguem em frente à custa dos transtornos que provocam.
(Autor: Esopo)


**********Marimaura**********

Nenhum comentário:

 VOLTANDO PARA DEUS                                    Então pessoal, depois de quase dois anos que por um motivo ou outro deixei meu blog d...