A Semana da Família é uma oportunidade para nossa reflexão, oração e apoio a todas as famílias. A família é um querer divino e tem suas raízes na família divina a SS Trindade. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, ou seja, Deus vive em comunidade e aliança de pessoas. Assim deve ser a família. Ao concluir a criação. Deus abençoou o homem e a mulher e exultando de alegria exclamou “está muito bom”(Gn1,31). O próprio Deus se comove e tomado de assombro, admiração e exultação, manifesta seu contentamento pela família. Desde o princípio, a família é projeto de Deus (Mt 19,4).
Deus declara que “não é bom o homem estar só” (Gn 2,18). O individualismo, o isolamento, a solidão não fazem bem. A vocação humana é a reciprocidade, a complementaridade, o relacionamento, a comunicação. É na família que todos estes valores acontecem desde a fecundação da vida. O berço da comunicação e do crescimento humano é a família. Ela é a primeira sociedade, a primeira instituição, a primeira comunidade. Como sofrem as pessoas sem pai, sem mãe, sem filhos, sem irmãos. A desagregação familiar desorienta as pessoas e desordena a sociedade.
A mulher é criada como ajuda, auxiliar, companheira do homem (Gn 2,18.22). A mulher tirada da costela é um símbolo profundo, ou seja, homem e mulher devem ser amigos, companheiros, parceiros. Eles se completam, se ajudam, mutuamente. Seu destino depende do diálogo, da comunicação, da ajuda mútua, da convivência harmoniosa, da reciprocidade. Homem e mulher são chamados a viver lado a lado não acima, nem abaixo, nem contra o outro. Sua vida e felicidade dependem da convivência diária.
Quando o homem viu a mulher exclamou estupefato e impactado, “osso de meus ossos, carne de minha carne” (Gn 2,23). Esta declaração cheia de assombro é também a confissão, o reconhecimento da igualdade de dignidade entre o homem e a mulher. Todo machismo, exclusão, feminismo, discriminação não cabem no projeto de Deus. Desde o princípio o Criador quis a igualdade de dignidade dos sexos, igualdade e dignidade da pessoa humana, ou seja, do homem e da mulher.
O Criador deixou uma ordem, uma condição, um imperativo para que a família seja um bem para os esposos, os filhos e a sociedade: “o homem deixará seu pai e sua mãe, se unirá à sua mulher e ela será uma só carne” (Gn 2,24). O que caracteriza a família é a unidade, a comunhão, a convivência. Ser uma só carne é aceitar o outro como ele é, unir corpos, almas, corações, ideais, esperanças, formar comunidade de vida e de amor, superando as deficiências e criando empatia, formando o “nós” e em doação mútua, em perdão constante, em oração conjugal e familiar, é ser uma só carne. É preciso, porém, deixar pai e mãe, ou seja, cortar as dependências, apegos e assumir a liberdade e a responsabilidade da formação de uma nova família. Não podia faltar o mandamento do Criador em favor da transmissão da vida: “Sede fecundos” (Gn 1,28). A família é sacrário da vida, berço do amor onde a vida é transmitida, respeitada, cuidada e promovida. Os pais são colaboradores do Criador e o amor conjugal é fecundo. Quando um bebê nasce ele é responsável pelo nascimento de uma família. Com o bebê nasce um pai e uma mãe, ele transforma o casal em família. Quem embala um bebê, está embalando o futuro do mundo. Os filhos têm direito de ter um pai e uma mãe e direito à presença deles em casa. Que a família acredite naquilo que ela é.
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina Mariamaura
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