sábado, 16 de maio de 2009

Educação e Sociedade





O sociólogo Emile Durkheim (1978) define educação como o processo de socialização a que os indivíduos são submetidos. Esta definição de educação nos parece a mais correta, embora muitos possam considerá-la ampla demais e isto não signifique concordar com as bases e outras teses deste autor. Entretanto, tal definição consegue expressar o essencial do fenômeno e a amplitude que muitos vêem no conceito é apenas o resultado de uma concepção restrita de educação, que é a da ideologia dominante em nossa sociedade.
Embora tal definição também possa ser assimilável pela ideologia dominante, em cujo seio brotou, ela também pode ser assimilada por uma concepção crítica, tal como fazemos aqui Isto, no entanto, não significa concordar com as teses e valores de Durkheim, ou seja, extraímos apenas a definição de educação deste autor.
A educação em nossa sociedade é concebida de forma burocrática, ou seja, como estando indissoluvelmente ligada a uma instituição (a escola) e aos responsáveis pela "transmissão do saber" (os professores) e também aos seus "receptores" (os alunos). Assim, o vocabulário desta concepção de educação apresenta alguns termos básicos que refletem seu caráter burocrático, tais como os de ensino, aprendizagem, transmissão, escola, etc. A burocracia é uma relação social no qual se colocam, frente a frente, dirigentes e dirigidos, numa relação hierárquica e mediada por um processo de dominação. A idéia de transmissão expressa uma relação burocrática, no qual existe o transmissor e o receptor, e cabe a este a aprendizagem, isto é, realizar o papel de receptor da transmissão daquele. A escola é uma organização burocrática (TRAGTENBERG, 1988) na qual estas relações se manifestam e são regularizadas burocraticamente, através da hierarquia funcional.

Entretanto, a sociedade capitalista é contraditória por natureza e esta contradição se reflete em todos os campos da vida social (nas universidades, ideologias, disciplinas científicas, escolas, etc.) e inevitavelmente, estão presentes também nas "teorias" e práticas pedagógicas. Ao lado das diversas formas de pedagogias conservadoras surgem as pedagogias consideradas críticas, como, por exemplo, a pedagogia do oprimido (Paulo Freire), a pedagogia radical (Giroux), a pedagogia do conflito (Gadotti), a pedagogia libertária (Ferrer), etc.

Surgem pensadores buscando transformar a pedagogia e retirar-lhe o seu caráter repressor, tais como Freinet e Ferrer. Acontece que a maior parte desses pensadores, os mais críticos e radicais – como não poderia deixar de ser – foram marginalizados nas academias e instituições burguesas. Na antiga União Soviética houve a reprodução do modo de educação capitalista e isto confirma, mais uma vez, o caráter capitalista deste país (VIANA, 1992). Isto fez com que os partidários da antiga URSS também defendessem uma concepção burocrática de pedagogia.
Todas as pedagogias críticas, entretanto, acabam, de uma forma ou de outra, reproduzindo as características essenciais da pedagogia burocrática, com raras exceções (Freinet, Ferrer). O exemplo do construtivismo pode colocar em evidência a falha básica de todas as pedagogias consideradas críticas. O construtivismo propõe que a criança "construa" seu conhecimento e o professor construtivista passa a ser o "mediador" da interação do aluno com o objeto do conhecimento. Ele tem um papel político voltado para a formação da cidadania (MATUI, 1995; COLL, 1996).


****************Marimaura***************

Nenhum comentário:

 VOLTANDO PARA DEUS                                    Então pessoal, depois de quase dois anos que por um motivo ou outro deixei meu blog d...